Ercio apresentando o programa
Um sobrinho meu, muito jovem ainda, me pede de vez em quando para eu contar como era o programa “E-29 Show”
que, segundo ouviu falar, por muito tempo foi sucesso em Santarém. Esta
curiosidade talvez seja, também, de muita gente que naquela época ainda
engatinhava ou nem era ainda nascida.
Esclareço que, o que
passarei a contar aqui (em 3 capítulos), é fruto da minha memória,
portanto, a omissão ou incorreção de datas, nomes de pessoas ou de
detalhes relativos ao referido programa, desde já peço desculpas,
ficando à disposição de quem, porventura, desejar corrigir ou
acrescentar algo sobre o assunto.
Em 1966, Osmar Simões, locutor e
dirigente - Diretor Artístico - da então Rádio Educadora de Santarém
(hoje, Rádio Rural), foi quem idealizou, criou e apresentou o primeiro
programa de auditório da emissora - o “Domingo Após a Missa”.
Por que esta denominação? Na Igreja Matriz de Nossa Senhora da
Conceição, aos domingos, com grande afluência de católicos, era
celebrada a missa das 8h transmitida ao vivo pela rádio e cujo
encerramento acontecia por volta das 9:30h. Prevendo que o programa
poderia atrair a presença de grande parte das pessoas - adultos e
crianças - que freqüentavam a igreja, Osmar, de forma inteligente e
criativa o denominou “Domingo Após a Missa”, para ser apresentado de
10:30 às 12hs, com transmissão feita diretamente da Casa Cristo Rei,
localizada na travessa dos Mártires, em frente ao prédio onde
funcionavam o estúdio e o escritório comercial da emissora.
A
Casa Cristo Rei foi o local escolhido por ser de propriedade da Prelazia
de Santarém, dona também da Rádio Educadora, e porque tinha capacidade
para acomodar, sentados em cadeiras de madeira, desconfortáveis, é bom
frisar, 200 espectadores, e, em pé nas laterais do salão e no mezanino,
aproximadamente mais 100.
O sucesso era sempre crescente, com
casa cheia, pois os ingressos eram colocados à venda por preços baixos e
a renda auferida era destinada ao pagamento do pessoal envolvido,
incluindo-se o conjunto que fazia o acompanhamento musical nos ensaios e
nas apresentações dos cantores e das cantoras participantes.
Como
era produzida esta grande atração da Rádio Rural? Tudo era muito
simples, sem necessidade, como acontece atualmente, de equipes
específicas de produção, de direção, etc. Durante a semana, a emissora
anunciava na sua programação diária, que em determinado dia e horário,
no “Cristo Rei”, seria feita a inscrição e ensaio de cantores, cantoras,
instrumentistas e grupos musicais, de todas as idades e, os que fossem
selecionados, participariam do “Domingo Após a Missa”.
No
decorrer do programa, o próprio público, através de aplausos escolhia os
melhores calouros - adultos e crianças -, aos quais eram ofertados
brindes. Sempre surgiam verdadeiros fenômenos que caiam no gosto do
povo, como, por exemplo, a garotinha Shirley Lima, com 10 anos de idade,
era considerada uma verdadeira estrela-mirim, possuidora de uma voz
belíssima e desenvoltura admirável no palco. Entre os adultos,
destacavam-se a Fátima Oliveira, a Leneide Bastos, o Ray Brito, o Luiz
de Assis, o então seminarista Teddy Max que se tornou cantor
profissional famoso, e que faleceu no ano passado, e muitos outros.
A
maior dificuldade para os encarregados da parte técnica, era a de
encontrar os meios para proporcionar uma boa qualidade de som no
ambiente interno da Casa Cristo Rei, com alto-falantes instalados no
auditório e imensos aparelhos para possibilitar a transmissão do
programa pela Rádio Educadora. Mas, tudo era resolvido com as
“gambiarras” e os emaranhados de fios elétricos espalhados por toda
parte e outras improvisações tecnológicas feitas pelo saudoso Djalma
Serique, pelo José Maria e pelo genial Fernando Guarany. Graças a eles,
do começo ao fim das apresentações, tudo funcionava satisfatoriamente.
Decorridos
alguns meses de existência do programa, o Osmar Simões convidou-me para
ser o seu parceiro. Aceitei o desafio. À princípio, eu era incumbido
apenas da leitura de textos publicitários dos nossos patrocinadores.
Decorrido pouco tempo, já devidamente familiarizado com o ambiente do
palco e da platéia, passei a apresentar as atrações, intercalando esta
tarefa com o Osmar e, às vezes, quando ocorria a ausência dele, eu
atuava sozinho. Após um ano, o Osmar Simões, por falta de
disponibilidade de tempo, resolveu afastar-se definitivamente do
“Domingo Após a Missa”, pois além de apresentar na Rádio Educadora o
programa “Tribuna Popular” (crônicas sobre assuntos da cidade) e as
narrações e comentários de jogos de futebol, era gerente da agência
local da Caixa Econômica Federal.
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